quarta-feira, 18 de junho de 2008

UNE realizará CONEG em Brasília

De 19 a 22 de junho, a União Nacional dos Estudantes (UNE) realizará o Seminário Nacional “Mudar a Universidade para Mudar o Brasil”. O evento acontecerá em Brasília, na UnB, palco recente do movimento que denunciou a todo o país o escândalo das fundações privadas e da corrupção dentro da instituição, que culminou com a ocupação do prédio da Reitoria só terminada após a renúncia do Reitor e Vice-Reitor e a convocação de novas eleições.


Esse será um momento extremamente importante para o movimento estudantil brasileiro, pois durante os últimos anos o posicionamento da entidade nacional dos estudantes universitários tem seguido na contramão das lutas e das mobilizações em defesa da educação pública. Para se ter uma idéia, a diretoria majoritária da UNE passou a defender um projeto de Reforma Universitária claramente privatista apresentado pelo MEC, chegando ao cúmulo de destinar mais de R$ 3 bilhões por ano para os donos de faculdades privadas enquanto persiste o sucateamento da educação pública. Algo completamente impensável pela própria história da UNE, que nos seus congressos, encontros e seminários sempre pautaram com radicalidade a defesa de um projeto de educação pública, a exemplo de seus documentos históricos como a Carta da Bahia e a Carta do Paraná, na década de 60.


Porém, mesmo com essa posição da sua entidade nacional, o movimento estudantil não tem se omitido das lutas. Várias greves, passeatas, ocupações de reitorias têm escrito uma combativa página nas mobilizações estudantis no período atual, numa prova de que os estudantes possuem, sim, disposição para a luta e estão cientes do seu papel diante desses ataques.


Esse Seminário, que ocorre em paralelo ao 56º CONEG (Conselho Nacional de Entidades Gerais – DCE´s, UEE´s e Federações de Curso), precisa representar o fortalecimento da discussão da educação que queremos, precisa varrer as fundações privadas de dentro das instituições de ensino superior e mostrar claramente qual a saída para os problemas que o ensino superior brasileiro passa, com a ampliação massiva dos investimentos públicos, da universalização de seu acesso e da busca de um papel social para as universidades, que representem e busquem soluções para os problemas do dia-a-dia da sociedade, interagindo com o povo brasileiro, e não sejam meras reprodutoras dos interesses dos capitalistas, utilizando o desenvolvimento de novas tecnologias para ampliar a exploração dos trabalhadores.


Mobilizar as diretorias das entidades estudantis a partir dessa discussão e desenvolver ações dentro do movimento tem sido o rumo adotado pela União da Juventude Rebelião, e com certeza temos obtido êxito nesse caminho. É preciso que a União Nacional dos Estudantes assuma claramente essa postura e se coloque em defesa de um projeto de educação que se aproxime dos reais interesses do desenvolvimento nacional e social, e combata com muita disposição as tentativas de qualquer governo de atacar a educação pública, como vimos recentemente com o REUNI.


Rafael Pires
Diretor de Assistência Estudantil da UNE