quarta-feira, 23 de julho de 2008

A Educação e as Universidades Privadas

O quadro da educação nas universidades privadas vive um cenário de grandes problemas, e os estudantes são os mais prejudicados. A falta de investimentos do governo na educação pública gera a falta de vagas nas universidades federais e impõe a milhões de estudantes o ensino nas faculdades privadas.


Por ano 1,9 milhões de jovens concluem o ensino médio e não tem acesso à universidade pública, um grande combustível para o setor privado, que já representa 88,9% das instituições de ensino superior no país.


Várias universidades privadas funcionam mesmo sem conseguir sua regulamentação junto ao MEC, escondendo-se atrás de “fundações e associações filantrópicas” prejudicando os estudantes, que além de não terem alternativa permanecem em seus cursos sem a certeza do diploma. Para piorar as faculdades matriculam milhares de estudantes para servir como poder de barganha entre os grandes tubarões do ensino e o MEC.


Devido às altas mensalidades e o grande número de inadimplentes aumentam cada vez mais, e esse índice em São Paulo já ultrapassa os 30%, trazendo a essas universidades um índice cada vez maior de evasão. Até mesmo os estudantes beneficiados através de meia-bolsa com o PROUNI têm sido vítimas da evasão devido as altas mensalidades.


Sem contar, com a falta de espaços para debates e discussão sobre o ensino, ou seja, a ausência de democracia faz parte de uma lista interminável de dificuldades que os estudantes têm que enfrentar, sem falar nos milhares de jovens que abandonam seu sonho de se formar por não conseguirem pagar os custos de sua formação, com mensalidade, taxas, passagem, alimentação, livros, entre outros.


É preciso organizar os estudantes e mobilizá-los, para que com organização e rebeldia possamos lutar pelos nossos direitos. E as atitudes de repressão e perseguição às lideranças do movimento, como advertência, suspensões e ameaças de expulsão.


Nossa tarefa é lutar por mais verbas para a educação, democracia nas universidades, redução das mensalidades, anistia aos inadimplentes, contra as taxas e combater a mercantilização da educação.



Carine Miranda - Presidente do DCE UNIVERSO / MG

Camila Áurea - estudante UNICAP / PE

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Unir os estudantes para defender a educação!

De 19 a 22 de junho na Universidade de Brasília - UnB, ocorreu o 56º Conselho de Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes, CONEG da UNE. Esse fórum reune DCE’s, executivas de cursos e entidades gerais dos universitários de todo o país. O CONEG teve como foco o debate da situação da educação brasileira, as lutas estudantis em cada universidade e qual a pauta de reivindicações que o movimento estudantil deve tomar. Porém, os esforços da diretoria majortitária da entidade foram no sentido de despolitizar o encontro, através de sua desorganização e do cancelamento de vários dos debatedores convocados por decisão da própria diretoria.


Ao todo participaram apenas 154 delegados (aproximadamente a metade do último conselho), o que mostra a falta de prioridade na discussão da educação e da política da entidade por parte da diretoria majoritária.


Nos debates, os questionamentos a defesa dos planos e projetos do governo federal deram o tom da luta política, exigindo uma maior participação da entidade máxima dos estudantes. Para Natália Alves (UFRJ), diretora de Relações Internacionais da UNE "Os estudantes estão se mobilizando em todo o país. A luta recente na UnB, mostra que essa disposição existe, e portanto a UNE hoje precisa resgatar seu passado de lutas, através de mobilizações concretas em defesa da educação e contra medidas como o REUNI e o PROUNI, que enfraquecem a educação pública. Isso tem ocorrido em vários países, a luta na França contra a reforma na educação e a luta dos secundaristas chilenos mostra que essa é uma situação que tem ocorrido em todo o mundo."


Uma situação que caracteriza o descompromisso da diretoria majortitária com o movimento estudantil foi o adiamento de um dos mais importantes fóruns de debates da UNE, o CONEB - Conselho Nacional de Entidades de Base. Esse conselho reúne todos os Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos do país, e possui uma enorme importância por ser a expressão da base do movimento estudantil, porém foi adiado de novembro de 2008 para janeiro de 2009, em plenas férias das instituições e junto com a Bienal de Arte e Cultura da UNE, esvaziando a discussão sobre a educação, principal tema do CONEB.


No entanto, foi notório também à vontade de vários DCE’s, CA’s, diretores da UNE, movimentos e estudantes em mudar tudo isso e construir uma nova entidade, denunciando o projeto que vai transformar os CEFET’s em IFET’s (Instituições Federais de Ensino Tecnológico), que abrirá espaço para a implantação das parcerias público-privada e com nenhum investimento para a assistência estudantil desse ensino; denunciando o desvio de recursos públicos para as instituições privadas enquanto as universidades estaduais nada recebem, por exemplo, e pela defesa de uma UNE de luta, que defenda o livre acesso ao ensino superior, com mais investimentos para as universidades públicas, transformando-as em universidades populares, gratuitas e de qualidade para o povo brasileiro.


Tiago Medeiros

Coordenador Geral DCE-UEPB / Gestão CORRENTEZA