quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

TESE CONEB - Conjuntura

UM SISTEMA EM CONTRADIÇÃO

A principal economia capitalista do mundo, os EUA, está em crise. Isso não é mais novidade para ninguém, mas nos últimos meses foi possível não apenas assistir a bancarrota do sistema financeiro estadunidense, como a conseqüente queda da bolsa de valores em todo o planeta. O mundo assistiu também o neoliberalismo e o capitalismo serem desmascarados em sua falsa propaganda de serem capazes de resolver os problemas da humanidade.

A explosão da crise do mercado imobiliário norte-americano rapidamente se alastrou para o setor financeiro gerando quebra só nos EUA de 17 bancos entre janeiro e setembro de 2008. A solução apontada pela burguesia para a crise foi a nacionalização das duas maiores empresas do setor de financiamento imobiliário do país, Fannie Mae e Freddie Mac, e da terceira maior seguradora do mundo, a AIG.

Utilizando o dinheiro dos impostos pagos pelo povo, o governo Bush destinará através do pacote aprovado no Congresso o montante de US$ 700 bilhões (valor igual a todos os gastos com a invasão ao Iraque), sem contar que em março, o governo já havia financiado a compra de um banco de financiamento por US$ 29 bilhões e injetado outros tantos bilhões no setor financeiro para conter a crise.

Para o povo estadunidense fica o saldo de mais de 1,250 milhão desempregados apenas no ano de 2008 e milhares de famílias sem casas por conta da divida hipotecária.

Na Europa, os governos da Inglaterra, França, Irlanda, Holanda e Bélgica anunciaram que também realizarão a nacionalização de bancos e seguradoras, para garantir a “normalidade no mercado” mostrando os efeitos da profunda crise econômica que passa a economia capitalista.

Ao todo, já são quase 4 trilhões de dólares liberados pelos principais países do mundo para os banqueiros, enquanto que para resolver os graves problemas causados pela fome, que segundo a FAO (órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) atingem 925 milhões de pessoas no mundo, apenas migalhas são destinadas.

Quer dizer, para garantir os interesses das grandes corporações os governos desses países apelam para a nacionalização e a intervenção do estado na economia, mostrando o fracasso dos ideais do neoliberalismo para superar as crises econômicas e o quanto estão dispostos a sacrificar as condições de vida de milhões para assegurar os lucros e benefícios de um pequeno grupo de famílias que controla a economia mundial.

Pela Unidade e Integração da América Latina

Na América Latina, a política adotada pelos governos de caráter popular da Venezuela, Bolívia e Equador interferem diretamente nos privilégios das oligarquias e do imperialismo no sub-continente. Através das nacionalizações das riquezas naturais, esses governos tem conseguido assegurar melhorias nas condições de vida da maioria da população, e despertado a ira daqueles que por anos se beneficiaram dessas riquezas.

Várias têm sido as tentativas do imperialismo de voltar a hegemonizar a América Latina, onde a cada dia tem perdido força. Seus interesses econômicos estão em “xeque” através de medidas como a nacionalização do petróleo na Venezuela e a estatização de diversas fábricas promovidas pelo governo de Hugo Chávez, a recente e vitoriosa aprovação da Nova Constituinte no Equador, construída com os movimentos sociais e que abarca questões como a gratuidade do ensino em todos os níveis, o reconhecimento da cultura indígena e a retirada da base militar norte-americana do território equatoriano.

A repressão e a campanha que os meios de comunicação têm promovido em todo o mudo contra as FARC são a prova viva do temor do desenvolvimento da luta revolucionária por parte dos EUA. Chegou a ponto de invadir o território do Equador, resultando numa moção da OEA (Organização dos Estados Americanos) contra a Colômbia, para tentar acabar com a luta insurgente no país.

Na Bolívia, a vitória que Evo Morales obteve no referendo revogatório, confirma a opção da maioria da população pelas mudanças implementadas pelo governo do país mais pobre da América do Sul. No total, 67,41% dos bolivianos foram às urnas dizer sim a política de nacionalização dos hidrocarbonetos que permitiu financiar programas sociais e aumentar o salário mínimo.

Além disso, a distribuição de terras com sistema de crédito para os camponeses pobres, em sua maioria índios, transforma a situação dos povos originários na Bolívia que, apesar de somarem 62% da população, sempre sofreram com a falta de direitos nos governos neoliberais e corruptos.

A resposta da oligarquia boliviana e da burguesia internacional foi a tentativa de realizar um golpe contra o povo e uma campanha de difamação internacional do governo Morales, mostrando que para a burguesia conceitos como liberdade e democracia são relativos. Fica claro mais uma vez que o capitalismo não é contrario a intervenção do estado na economia, mas é contra medidas que beneficiem o povo em detrimento de seus lucros.

Conjuntura Nacional

No Brasil a situação de crise mesmo que ainda mascarada começa a dar os seus primeiros sinais. Passadas as eleições municipais, em que mais uma vez o poder econômico e os interesses das grandes empresas capitalistas foi o foco das disputas nas principais cidades do país, a grave situação que vive o nosso povo continua alarmante.

Seja por parte do governo, ou da dita oposição PSDB-DEM, a idéia da impossibilidade de construir um projeto alternativo de país, que destine o produto de suas riquezas em benefício do povo é tratado como algo inatingível.

Assim tem ganho força o socorro aos bancos, a proposta de privatização dos aeroportos (os mesmo restaurados através do dinheiro público nos últimos anos) e das rodovias, e a continuidade dos leilões das reservas de petróleo descobertas pela Petrobrás. Com isso, a alta dos preços dos alimentos e os altos índices de desemprego são uma constante praticamente inquestionável pelos meios de comunicação e os governantes.

Nesse momento de crise mundial, em que mais do que nunca fica evidente a falência do modelo de exploração e da “auto-regulação” proposta pelos ideólogos do capitalismo, é necessário se apresentar uma proposta alternativa para o país, pautada pela integração latino-americana, pelo apoio e desenvolvimento da produção agrícola para o mercado interno, combatendo o latifúndio e promovendo a reforma-agrária, incentivo a ciência e tecnologia como fator de soberania nacional, taxação das grandes empresas e o devido atendimento por parte do Estado à saúde, moradia, segurança e educação do povo, ou seja, precisamos implantar o socialismo no Brasil!

A União Nacional dos Estudantes precisa assumir uma postura independente frente ao governo federal e convocar os estudantes brasileiros a se unir na luta pelas transformações sociais que o Brasil tanto precisa, pautando os interesses básicos da população e da juventude brasileira.

Nenhum comentário: