INTRODUÇÃO
A realização dos Seminários da UNE sobre a Universidade Brasileira na década de 1960 representam um marco para a organização do movimento e o fortalecimento do debate sobre a educação que queremos. Com muita propriedade, esses Seminários permitiram um acúmulo até então inexistente para a orientação das mobilizações e discussões sobre o papel da Universidade Brasileira e a própria reflexão dos estudantes diante da realidade em que vivíamos.
Para a tese REBELE-SE é preciso apoiar-se nesses documentos, em especial a Carta da Bahia, não só pelo seu significado histórico e simbolismo, mas pela profundidade atingida naquela formulação e por representar uma concepção crítica de que não basta revolucionar a universidade, e sim entendê-la como produto da sociedade em que está inserida, marcada ainda hoje por uma explícita contradição entre ricos e pobres, e como a produção científica deve ser aplicada nesse contexto, pois: “a reforma universitária só não será mera fachada se estiver identificada com um processo maior, que é a revolução brasileira” – Carta da Bahia, 1961.
Com certeza esse não é um debate simplista, ou que trate apenas da educação. Está em jogo um projeto de nação, seja ele respaldado pelos interesses das grandes empresas e das coorporações capitalistas ou como apoiar e um projeto alternativo que vise atender as necessidades mais sentidas do povo brasileiro, através de uma pesquisa farmacêutica que vise não a busca de patentes para os grandes laboratórios, e sim o acesso à saúde, que entenda a construção civil ou arquitetura não para a construção de condomínios de luxo e sim para apontar soluções para acabar com o déficit habitacional do Brasil.
A realização do XII Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE, em Salvador em janeiro de 2009, infelizmente reforçou por parte da diretoria majoritária da entidade um projeto de educação pautado na defesa do governo federal, que abandona as bandeiras históricas dos estudantes.
Diante dessa situação, e após a realização do I Seminário Nacional da Tese REBELE-SE na UNE com a participação de diversas entidades estudantis, foi aprovado esse documento que é fruto dos debates e lutas promovidas durante os últimos anos em que os estudantes têm mostrado sua força na resistência e na luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
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